A tapeçaria é uma técnica milenar sendo os mais antigos exemplares que chegaram aos nossos dias oriundos da civilização egípcia. Apesar de esta técnica ter sido praticada em vários países ao longo dos séculos, este termo é normalmente utilizado para designar a tapeçaria europeia que atingiu o seu apogeu num período que vai desde o século XIV ao século XVIII.

 

 

A tapeçaria é a arte de se imprimir em lãs de todas as cores pinturas concebidas por distintos artistas, com o objetivo de decorar os ambientes mais ricos. A princípio o pintor elabora sua obra, depois os artesãos se debruçam sobre sua matéria-prima e procuram imitar esta imagem e todas as suas nuances.

 

 

Os tecidos são tramados manualmente, compondo figuras de todo tipo. Esta arte lembra o bordado, mas este se distingue por se moldar ao suporte da talagarça, enquanto na tapeçaria a imagem é esboçada pelos mesmos fios da textura utilizada. É importante também perceber que a pintura e a tessitura são etapas diferentes e ao artífice cabe reproduzir nas lãs as tonalidades e os contrastes presentes no quadro do pintor, através do ofício de tecer.

 

 

A tapeçaria floresceu na Europa durante a idade média devido, por um lado, á abundância de lã e, por outro, à quantidade de mão de obra disponível. As tapeçarias mais antigas, normalmente produzidas em conventos e destinada as igrejas, têm temática religiosa.Com o tempo, os tapetes começaram a ser mais usados nos castelos. Esses tapetes laicos incorporam lendas, fábulas pagãs e temas de romance de cavalaria (a dama e o unicórnio, o rei Arthur etc.).

 

 

A tapeçaria tem seu berço e sua principal expressão na França, embora já fosse exercitada pelos gregos e romanos na Antiguidade. Não deixou de ser cultivada na era medieval, mas floresceu durante o Renascimento e no século que se seguiu a este movimento artístico-cultural, agora em território francês. Ela alcançou sua maior expressão no reinado de Luís XIV, mantida pelo Estado, principalmente na famosa manufatura dos Gobelins.

 

 

Esta arte teve seu início em meados do século XV, pelas mãos desta família residente em Paris. A princípio eles se dedicavam à produção e à coloração de tecidos, mas depois se devotaram ao ofício da tapeçaria, até não resistirem mais aos problemas financeiros, quando então sua arte foi assumida pelo Estado, ainda sob a liderança de Luís XIV. O célebre pintor Charles Lebrun tornou-se responsável, neste momento, pela elaboração das imagens e também da formação de sessenta aprendizes.

O alto-liço considerado sempre mais difícil e por isso mais apreciado, ocorreu na França já em 1302 e, em Arras, por volta de 1313. A fama das tapeçarias flamengas se espalhou por toda a Europa. Promoviam-se grandes exposições comerciais e a manufatura de Flandres abastecia extensa clientela.

 

 

As iniciativas deste monarca permitiram que a tapeçaria francesa conquistasse um patamar quase impossível de ser transcendido por outros povos. As obras criadas pelos Gobelins se converteram em peças clássicas que hoje são preservadas em vários museus conhecidos. A maior tapeçaria do Planeta, O Cristo em Majestade, foi elaborada em Aubusson, em 1962, para revestir a Catedral de Conventry.

 

 

As sete tapeçarias compostas para as comemorações de 50 anos da Dinamarca, em 1999, procedem também dos Gobelins. Hoje encontramos tapeçarias originárias da França decorando os palácios presidenciais de Abidjan e de Brasília, aeroportos em Munique e Nova York, a ópera de Sydney, o Vaticano, e outros tantos espaços públicos.

Pintores como Andrea Mantegna, Rafael e Rubens realizaram cartões que foram utilizados como modelos para produção de tapeçarias. Após a invenção dos corantes químicos e dos processos industriais de fabricação de tapetes, no século XX, a tapeçaria artesanal foi revalorizada pelo movimento britânico Arts and Crafts e pelos modernistas.

No Museu de Arte de São Paulo, o Masp, localizado no Brasil, é possível contemplar um trabalho denominado O Caçador Descansando, composto sobre temas tipicamente nacionais, doado a Luís XIV por Joan Mauritz van Nassau-Siegen, mais conhecido como Maurício de Nassau, então estadista do Brasil sob o domínio holandês. Em Portugal, a peça mais célebre é o Tapete de Arraiolos.

 

 

Ainda hoje a tapeçaria prospera como as outras artes, e com certeza a França ainda se destaca neste ofício, tanto na composição das imagens como na riqueza e vivacidade das cores utilizadas. Exposições no mundo todo são realizadas com peças provenientes principalmente do Museu de Belas Artes de Paris, o Petit Palais, geralmente com a curadoria de especialistas franceses.